Servidora de MT adéqua plano de exercício ao tratamento e mantém participações em maratonas, inclusive na Corrida de Reis

Receber o diagnóstico de câncer provoca impacto emocional na vida de qualquer pessoa. A maioria fica aterrorizada. Trata-se de um momento difícil em que o apoio de uma equipe médica especializada e de familiares e amigos é essencial. Porém, a cada ano, essa luta agrega novos aliados na tentativa de superação e uma das alternativas que vêm se mostrando eficazes aos pacientes é a prática de exercícios físicos. Além de ajudar a evitar tumores, a atividade traz outros benefícios físicos e mentais para quem está em tratamento.

A servidora pública Lenita Cabral, 39 anos, descobriu o câncer de mama no final de março de 2019, durante o exame de rotina em casa. Depois de vários exames, veio o diagnóstico do câncer em estágio inicial, em 10 de maio. A partir daí começou a batalha: em junho, Lenita fez a cirurgia e, no mês seguinte, iniciou o tratamento de quimioterapia, que se encerrou em outubro, após 21 sessões.

“Eu tive poucos efeitos colaterais, o que, segundo os especialistas, está associado à minha prática rotineira de corrida. Por mais que eu percebesse que ficava mais fraca depois de cada sessão, a minha imunidade não baixou e eu conseguia continuar praticando. Fiquei tranquila e cuidei da minha alimentação, seguindo todas as orientações médicas”, relata a paciente.

A paixão de Lenita pela corrida começou em 2016, ao participar, pela primeira vez, da Corrida de Reis, experiência que se repetirá na edição deste domingo (12). Na época, o pai estava com problemas graves de saúde e a corrida foi um alívio. “Me fazia sentir livre e tranquila. A partir daí, comecei a participar de várias corridas de rua, com uma média de três corridas por mês. Desde que comecei a correr, não parei mais”, conta a servidora.

Para o médico oncologista da Oncolog, André Crepaldi, durante a quimioterapia é importante praticar uma atividade física, pois ajuda a manter o ânimo, a autoestima e aumenta a resistência ao tratamento. Ele explica que é normal o paciente ficar mais cansado, devendo, assim, não exceder os limites do corpo, estar consciente e aceitar as limitações durante o tratamento.

“A Lenita, durante todo o tratamento, exerceu a atividade e participou de corridas, mantendo seu estado físico excelente e reduzindo os efeitos colaterais da quimioterapia. Neste período do diagnóstico de câncer, o medo toma conta, cai a autoestima e cada pessoa deve se apegar às paixões que as movem. O esporte é um escape ótimo, pois alia a paixão com melhora da saúde e acaba criando uma meta a cada corrida”, destaca o médico.

“A questão do exercício físico durante o tratamento mostra o quanto o paciente pode manter uma rotina de vida, com algumas adequações, nesse período. Mas, não podemos afirmar que a prática de atividade é alguma garantia, pois não há comprovação científica ainda da relação direta entre a prática da atividade com melhoras no tratamento. Percebemos, no dia a dia, os quadros de evolução de cada paciente, mas temos que ter cautela”, pondera o médico mastologista da Oncolog, Marcelo Mendes.

Em 2019, a servidora pública participou de 16 corridas, dentre elas Corrida do Trabalhador, Corrida do Exército, Corrida do Combate contra as Drogas, Corrida do Servidor Público e Corrida Contra Diabetes. Lenita conta que 10 corridas foram durante o período de tratamento da quimioterapia, e que ela precisou de muita força e determinação para manter a prática da sua paixão.

“O meu desempenho foi caindo gradativamente. Precisei diminuir de 10 km para 5 km os meus percursos, mas eu sabia que precisava encarar esse desafio e não desanimei. Corria de acordo com as minhas possibilidades físicas, fiquei tranquila, só queria me superar”, conta a servidora.

Hoje, Lenita se prepara para encerrar o tratamento de radioterapia, já fez 26 sessões das 30 prescritas pelos médicos. Apesar de ter deixado os treinos de corrida durante esse tratamento por orientação médica, ela não deixou de fazer as caminhadas nos parques e garante presença na atual edição da Corrida de Reis.

“Eu participo da Corrida de Reis desde 2016, sempre baixando o meu tempo a cada edição. Participar dessa edição 2020 está sendo muito emocionante, porque fecharei um ciclo da minha vida. Também considero um momento bem desafiador, pois estou encerrando o tratamento. Por recomendação médica, eu vou participar dessa edição ciente que meu ritmo será lento, vou apenas caminhar, mas vou com a certeza de que a corrida me impulsionou, me deu coragem para encarar esse momento difícil da minha vida”, finaliza.

Mais benefícios da atividade física contra o câncer

Sono: a sensação de relaxamento após o esforço físico facilita o adormecer e melhora a qualidade do sono.

Disposição: “sacudir a poeira” é uma das principais maneiras de afastar a fadiga típica da quimioterapia.

Peso: ao contrário do que se pensa, vítimas do câncer podem engordar. E o exercício queima calorias.

Dor: os incômodos são aplacados com as substâncias analgésicas liberadas pelo esporte.