A prática regular de atividades físicas faz parte das indicações de médicos e especialistas para a prevenção ao câncer. Para as mulheres, os exercícios físicos tornam-se ainda mais importantes para prevenir um tumor maligno de mama. De acordo com Sociedade Americana do Câncer, mulheres fisicamente ativas têm entre 10% a 20% menos risco de ter câncer de mama do que mulheres sedentárias.

Já uma pesquisa realizada por instituições brasileiras e americanas, em parceria com o Ministério da Saúde, mostrou que 12% das mortes causadas pelo câncer de mama no Brasil poderiam ser evitadas por meio de atividades físicas regulares. São centenas de vidas que poderiam ser salvas, já que, somente em 2020, o Brasil irá registrar 66.280 novos casos de câncer de mama e aproximadamente 17.800 mortes pela doença segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA).

A atividade física se relaciona diretamente com a presença de gordura corporal. Quanto mais tecido adiposo (gordura) presente no organismo da mulher, maior o nível do hormônio estrogênio. “Sabemos que a maioria dos casos de Câncer de Mama são do tipo receptor hormonal positivos, sendo assim quanto maior a quantidade de tecido adiposo, maior a conversão de androstenediona em estrona (um tipo de estrógeno) e mais substrato para o crescimento do tumor”, explica oncologista da Oncolog, Laís Cristhine Santos Souza.

O estrogênio é o hormônio sexual mais conhecido nas mulheres, produzido a partir do colesterol, que é um tipo de gordura. O estrogênio é capaz de estimular a multiplicação de células nas mamas. O excesso do hormônio devido ao acúmulo do colesterol, facilita a replicação de uma célula defeituosa, dando início a um câncer no local.

O hormônio é tão diretamente relacionado aos casos de câncer de mama, que em mulheres que já tiveram o tumor, após o tratamento ou quimioterapia, é feito o bloqueio da produção do estrogênio com uso de medicamentos como uma das formas de diminuir o risco de recidiva.

Com sobrepeso ou obesidade, o organismo também está mais inflamado, outro fator determinante na incidência e no crescimento de tumores. “O sobrepeso e a obesidade também influem na imunidade. Hoje já se sabe da importância da relação da imunidade com o tratamento de câncer, tanto que existem drogas imunoterápicas, que é a imunoterapia. Quando o tecido não é inflamado, é baixa a presença dos radicais livres, isso também faz com que o organismo funcione melhor, que a imunidade seja mais eficiente”, destaca Laís.

Alimentação saudável também é fundamental na prevenção da doença. A oncologista alerta que a soma de uma má alimentação, excesso de peso e sedentarismo, são responsáveis por cerca de de 30% dos cânceres, se assemelhando aos 33% decorrentes do tabagismo. Evitar a ingestão de alimentos processado pode ser um grande aliado e redução da ingestão de carne vermelha. A recomendação é que não passe de 450g de carne vermelha por semana. O consumo de bebidas alcoólicas também se enquadra nos fatores de risco para o desenvolvimento do Câncer de Mama.

Exercícios x Tratamento

Os exercícios físicos também são importantes para mulheres que estão em tratamento do câncer de mama. A atividade, além de reduzir a incidência da recidiva e ou progressão da doença, ajuda na disposição física, reduz a fadiga provocada pela doença ou pelo tratamento, trabalha a autoestima, contribui para o equilíbrio do metabolismo e reduz o surgimento de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes.

Mesmo mulheres sedentárias têm indicação de iniciar a prática de atividade física durante o tratamento, elas não só podem, como devem se exercitar. “Qualquer modalidade de exercício físico é bem-vinda”, destaca Laís, sendo indicado cerca de 150 minutos de atividade de intensidade moderada por semana, o que equivale a 75 minutos de atividade intensa, podendo aplicar a melhor forma de acordo com cada fase do tratamento. “Sendo assim, um bom diálogo com seu médico, para realização de atividade física antes, durante e após o tratamento o maior aliado para manter a prática de exercício físico e consequentemente colher os benefícios dele, a curto e longo prazo”, conclui.

“O exercício físico também libera no organismo a endorfina, o chamado hormônio da felicidade, que dá a sensação de bem-estar”, lembra a educadora física Aline Alves de Oliveira, que também trabalha com atividade física voltada para pacientes com câncer.

De acordo com Aline, os exercícios são direcionados, com músicas especiais, palavras de estímulo voltadas para trabalhar a autoestima feminina e o despertar de sentimentos positivos. “Costumamos falar que a perda de calorias é um bônus. O objetivo é despertar sentimentos de poder e força, fazer com as alunas sintam que podem alcançar todos os seus objetivos e sentirem bem em qualquer situação”, completa Aline.