Pacientes com problemas hematológicos como leucemias e linfomas devem se atentar à aplicação da vacina contra o coronavírus. Nos casos específicos dos que fazem o tratamento com medicações imunossupressoras, que diminuem a imunidade, é preciso conversar com o médico especialista. A recomendação é da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).

Conforme explicou a médica hematologista Paloma Borges, da Clínica Oncolog, nos casos em que a imunidade está muito baixa, o paciente não tem a condição de produzir anticorpos contra a doença. Assim, vacina não teria efeito, mesmo que aplicada de maneira correta e seguindo as orientações das organizações de saúde.

“A medicação prejudica a resposta do imunizante. Se ele tomar logo depois da aplicação intravenosa ele não vai desenvolver a imunidade porque ele não vai desenvolver os anticorpos contra o novo coronavírus. Todo paciente vai ter que conversar com o médico para programar o melhor momento”, disse a hematologista.

No Brasil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso emergencial de duas vacinas. A primeira é produzida pelo Instituto Butantan e a segunda pela Fundação Fiocruz em parceria com a Oxford e com a AstraZeneca. Cada estado determinou um plano de vacinação conforme doses do imunizante distribuídos pelo Governo Federal.

No entanto, em um primeiro momento, a vacina é destinada para pessoas consideradas como grupo de risco, como idosos, pessoas com comorbidades que agravem a doença e profissionais de saúde que estejam na linha de frente contra a doença. Pacientes onco-hematológicos não entram nesse grupo, a não ser que tenham idade avançada, obesidade e doença de base não controlada.

“Então quando chegar a vez do paciente onco-hematológico, ele vai conversar com o especialista para programar o melhor momento. Toma daqui uma semana, daqui duas semanas. Depende do protocolo de cada um. Tem uns que recebem a medicação a cada 21 dias, por exemplo, então vai ter que fazer no dia 18 após aplicado o remédio”, relatou.

Ainda de acordo com a ABHH, pacientes com condições hematológicas não podem receber apenas vacinas que tenham vírus vivo ou de vetor replicante. No entanto, nenhuma das vacinas aprovadas no Brasil até o momento seguem essa modalidade. CoronaVac e Oxford/Atrazeneca, disponíveis no país, não realizaram testes em pacientes com problemas hematológicos, mas, ainda assim, são consideradas seguras pela associação.

“Como o número de infectados no Brasil continua a aumentar e não há evidência de controle da circulação do vírus, todos os indivíduos com mais de 18 anos têm indicação de receber a vacina para Covid-19, incluindo pacientes acometidos por neoplasias hematológicos”, diz guia da ABHH. “Orientamos que pacientes com doenças onco-hematológicas devem se vacinar com a primeira vacina disponível para uso”, recomendaram os especialistas.