Pelo acompanhamento do histórico familiar do paciente, é possível diagnosticar precocemente tipos de câncer associados à predisposição genética. Isso significa que de 5% a 10% das neoplasias no Brasil podem ter um tratamento iniciado mais cedo, menos invasivo e mais eficiente. Os números são expressivos e revelam a importância de uma nova área da medicina, a oncogenética.
O especialista em oncologia e hematologia da clínica Oncolog, Dr. André Crepaldi, afirma que pacientes que saibam da grande incidência de cânceres em sua família, sejam eles do mesmo tipo ou não, devem procurar auxílio.
“Essa modalidade da medicina permite que seja realizado uma espécie de painel de genes, que ajuda o médico a direcionar quais os tipos de cânceres que podem vir a atingir aquele grupo. A partir desses resultados, fazemos uma orientação para que seja realizado tratamento ou aplicação de medidas preventivas”, ponderou Crepaldi.
Em 2009, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) realizou um estudo da “Rede Nacional de Câncer Familial”, que revelou uma estatística nebulosa. Naquele período, foram constatados 48.900 casos de câncer de mama, por exemplo. Deste total, de 2.400 a 4.800 podem estar relacionados à predisposição hereditária.
Até o momento, ainda segundo o Inca, já foram identificados cerca de cinquenta síndromes de predisposição hereditária ao câncer. Entre elas, destacam-se o Câncer Colorretal Hereditário Não Poliposo (HNPCC), Polipose Adenomatosa Familiar (PAF), Retinoblastoma, Síndrome de Câncer de Mama e Ovário Hereditários (HBOC) e outros.
Um dos casos que ficou conhecido pelo público, relacionado à prevenção ao câncer por meio da oncogenética, foi o da atriz Angelina Jolie. Em 2013, após acompanhamento médico, ela descobriu que tinha um “defeito” genético no gene chamado BRCA1, que dava a ela 87% de chance de desenvolver câncer de mama e 50% no ovário.
Sua mãe já havia enfrentado uma longa batalha contra o câncer de mama e perdido. Por isso, ela optou pela realização de cirurgia preventiva para retirada das mamas e ovário. “A oncogenética permitiu que ela se antecipasse à doença e agisse de maneira preventiva. Isso é crucial para qualquer tipo de tratamento”, comenta o Dr. André Crepaldi.
Consulta
Ela se estabelece em duas etapas. Na primeira, é realizado o levantamento da árvore genealógica do paciente, para que seja constatado histórico familiar relativo a câncer. Posteriormente, se necessário, é feita a coleta de exames específicos, para que seja apurado qual a falha de gene que recai sobre a família.
A identificação de indivíduos para câncer hereditário é importante principalmente, por permitir diagnósticos mais precoces, o que viabiliza a elaboração de estratégias para redução de risco, quimioprevenção e cirurgias profiláticas.