Ação, realizada na Santa Casa, no sábado, atingiu mais de 300 mulheres com a realização de 100 exames de emergência
Levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Mastologia identificou que, em 2017, das 11,5 milhões de mamografias previstas para serem realizadas em mulheres de 50 a 69 anos no país, somente 2,7 milhões foram feitas, ou seja, menos de 24% dos exames. A dificuldade das mulheres brasileiras em ter acesso a este exame gera a necessidade de realização de mutirões de atendimento, como o que aconteceu na Santa Casa de Cuiabá, no sábado (19), feito em parceria com a Clínica Oncolog e a Associação MTMamma.
Mais de 300 mulheres foram atendidas para consultas em mastologia e, além das consultas, foram realizados 100 exames de mamografia e ultra-sonografia, conforme a emergência detectada pelos médicos. Para quem não fez a mamografia no dia, o exame já foi agendado para as próximas semanas. As pacientes foram selecionadas pelo sistema de regulação, sendo que boa parte aguardava pela realização do exame desde 2017.
Mais de 50 profissionais estiveram envolvidos no evento, entre médicos, enfermeiros e técnicos. Somente a Oncolog, que é responsável pela cirurgia oncológica da Santa Casa, disponibilizou cinco médicos para o mutirão, além de técnicos. Participaram os profissionais Lucas Coelho Miranda, Bianca Lellis, Rafael Sodré, Wilson Garcia, Luciana Orsi Ribeiro e Rogério Ianes.
“Todas as mulheres recebidas no mutirão terão o atendimento completo, exames, encaminhamento, caso algo seja detectado, e todo acompanhamento, se for necessário o tratamento”, explicou o mastologista Wilson Garcia.
O evento fez parte da programação do Outubro Rosa, campanha realizada anualmente, em todo mundo, com o objetivo de alertar à sociedade sobre a necessidade do diagnóstico precoce do câncer de mama.  “O diagnóstico precoce é fundamental porque, quando descoberto cedo, o câncer de mama tem 95% de chances de cura”, destacou o mastologista. A mamografia de rastreamento – exame de rotina em mulheres sem sinais e sintomas de câncer de mama – é recomendada na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada dois anos.
Mas, embora a taxa de cura seja elevada, o câncer de mama é uma das principais causas de morte de mulheres no Brasil, sendo o tipo de câncer que mais leva a óbito o público feminino. Em 2018 foram 59.700 novos casos que resultaram em 16.927 mortes. Em Mato Grosso, são 680 novos casos a cada ano, que resultam em aproximadamente 200 mortes de mulheres.
Uma das razões da alta mortalidade é exatamente a dificuldade de acesso a exames preventivos. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a mortalidade por câncer de mama está ligada, principalmente, ao acesso a diagnóstico e tratamento adequados no tempo oportuno. O objetivo do Instituto é diagnosticar o câncer o mais precocemente possível, ainda nos estágios iniciais da doença, quando o tratamento é mais efetivo.
O INCA aponta que o Brasil figurou, em 2018, na segunda faixa mais alta de incidência de câncer de mama entre os todos os países com uma taxa de 62,9 casos por 100 mil mulheres (taxa padrão utilizada mundialmente). Os países são agrupados em cinco faixas.
Quanto à taxa de mortalidade de câncer de mama, o Brasil está situado na segunda faixa mais baixa com uma taxa de 13 por 100 mil, ao lado de países desenvolvidos como EUA, Canadá e Austrália, e melhor de que alguns deles, como a França e o Reino Unido.