Aparentemente o dia cinco de maio seria só um qualquer próximo ao Dia das Mães para a servidora pública Daiane Gonçalves, mas nem tudo é o que parece. Tratando de um câncer de mama que ela descobriu durante a gestação, estava no médico para realizar uma consulta, quando sentiu um padrão diferente no seu corpo; estava entrando em trabalho de parto.

Daiane é mãe de outras duas crianças então, quando os sinais fisiológicos vieram, ela sabia o que estava para acontecer. Mais uma etapa de um processo que envolve maternidade, descoberta e tratamento oncológico seria iniciado. Ela recebeu amparo das enfermeiras da clínica Oncolog, onde realiza tratamento, e foi encaminhada para a maternidade.

Lá ela deu à luz de parto normal a pequena Ayla Maya. A neném nasceu prematura com 34 semanas, mas com a saúde intacta. Apesar de receber acompanhamento médico desde o início, a preocupação de Daiane era de que, por conta do tratamento contra o câncer, a neném pudesse ter a saúde abalada. Após o nascimento esse temor foi dissipado.

Daiane faz parte de uma estatística rara que define que uma a cada três mil mulheres desenvolvem câncer de mama durante o período gestacional. Ela começou a notar que algo estava diferente em seu corpo quando já estava com 28 semanas de gravidez. Sentiu um caroço na mama e procurou auxílio médico.

“Fiquei em choque no início. Mas estava muito confiante de que tudo ficaria bem. Tive que me agarrar e ser forte por ela, para que a minha filha sentisse que estava tudo tranquilo e que tudo iria ocorrer conforme a vontade de Deus. Comecei o tratamento e todos da Oncolog foram tão atenciosos que eu senti esse conforto de que tudo daria certo”, disse.

O médico oncologista que tratou Daiane, Dr. André Crepaldi, explica que casos como o dela são muito raros e pela situação delicada de ocorrerem em uma gestação, precisam ser investigados de forma célere. Além disso, ele pontua que o tumor dela é de um tipo mais agressivo, o que necessitava de uma intervenção rápida.

“Era um tumor relativamente grande e mais agressivo. O procedimento para esses casos é quimioterapia e depois cirurgia. Ela iniciou o tratamento e tudo sempre com o acompanhamento do mastologista da nossa equipe, Marcelo Mendes e obstetra, para preservar o neném. As quimioterapias quando realizadas depois do 3º mês de gestação, têm menor risco”, pontua o médico.

Até o momento, Daiane já fez seis sessões de quimioterapia, das doze que deverá realizar. Após a conclusão, irá passar por intervenção cirúrgica para a retirada do nódulo. O tratamento está em pequena pausa, por enquanto, por conta do parto recente. Mas após dez dias, será retomado, já que, nestes casos, quanto mais rápido, melhores resultados.

Raridade 

Trata-se de algo que pouco ouve-se falar, mas o câncer de mama pode ser desenvolvido durante a gravidez. O Dr. André Crepaldi, oncologista da clínica Oncolog, em Cuiabá, explica que, a mulher, ao notar um nódulo de padrão diferente no corpo, deve procurar um médico para constatar a possibilidade de ser um tumor.

Ele avalia que o tumor durante a gestação é mais difícil de ser detectado, por conta de alterações hormonais que o corpo sofre, por isso, a necessidade de análise com afinco. “É algo muito incomum, mas uma em cada três mil mulheres pode desenvolver. Por isso, a necessidade de acompanhamento imediato”, finaliza.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta que a cada ano do triênio 2020-2022, devam surgir mais de 66 mil novos casos de câncer de mama feminino no Brasil. A orientação médica é de que, ao notar qualquer padrão diferente em seu corpo, a mulher procura ajuda de um especialista para que, se constatado, seja tratado em fase inicial.