É preciso falar mais sobre o câncer colorretal para ampliar a conscientização sobre a doença e garantir diagnósticos precoces. Cerca de 30% dos casos, quando descobertos, já estão em fase avançada. Para que a informação chegue à população de maneira clara e objetiva a comunidade médica se mobilizou com o poder público para alavancar a campanha Março Azul Marinho.

Audiência debate câncer colorretal e faz alerta para necessidade de exames de prevenção

Para debater o assunto e levar mais informações sobre a doença, a Assembleia Legislativa realizou uma audiência pública nesta quinta (24) solicitada pelo deputado e médico Dr. João, para debater políticas públicas voltadas para o diagnóstico precoce deste tipo de câncer e evitar a mortalidade. Atualmente, o câncer colorretal é o segundo maior em incidência, tanto em homens quanto em mulheres e o terceiro em número de mortes devido ao diagnóstico tardio.

“A orientação e sensibilização das pessoas são essenciais para a prevenção. O câncer de colorretal é o terceiro que mais mata, por isso temos que conscientizar as pessoas, mas também o poder público. Apresentei um projeto para que em todo estado se faça o exame simples, como o de sangue oculto, para garantir a prevenção e espero que seja aprovado por unanimidade”, afirmou o parlamentar.

O evento contou com a participação de especialistas, dentre eles o médico oncologista André Crepaldi, diretor da Oncolog. Ele falou sobre a campanha que alerta as pessoas sobre a necessidade de exames preventivos, como o sangue oculto nas fezes e a colonoscopia, principalmente, para quem chegou aos 50 anos. O profissional alertou para sintomas como dor abdominal, perda de peso sem razão aparente, anemia, alteração do hábito intestinal (constipação e diarreia), sangue e excesso de gases.

“Prevenção é uma das coisas mais importantes e pouco valorizadas. A gente vê, no dia a dia, pacientes que chegam com 60 anos ou mais no consultório e nem sequer sabem quais exames tinham que ter feito como preventivo. Prevenir é mais barato, é menos custo para o sistema público e para a pessoa que precisa passar por procedimentos como cirurgia, quimioterapia, radioterapia e ainda não levar à cura”, comentou.

“O desenvolvimento do câncer de intestino se forma pelos pólipos intestinais, verrugas no intestino, que se não forem retirados se transformam em câncer. Mas isto em 10 ou 15 anos, ou seja, tem um tempo grande para o diagnóstico precoce. E com a campanha tem se falado mais sobre isso e a ajuda a mobilizar também a força política para colocar no calendário e levar informação”, afirmou.

O médico Roberto Carlos, endoscopista e gastroenterologista, destaca que a colonoscopia é feita por meio de sedação e não há necessidade de injetar gás no abdômen.

A médica Natasha Slhessarenko apresentou um panorama da doença no país e falou da importância de os médicos solicitarem exames que servem de triagem para diagnosticar um câncer. Além disso, ela também mostrou como a pandemia afetou o Sistema Único de Saúde e a queda na solicitação dos exames para constatar tumores na região do cólon e reto.

O déficit de exame de sangue oculto foi de mais de 200 mil, enquanto o da colonoscopia foi de 100 mil. “Alertar a população com educação é uma ferramenta essencial para transformar esta realidade e ajudar a prevenir a doença. Abrace esta causa”, ressaltou Natasha.

O presidente regional centro-leste da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, Mardem Machado de Souza, lembrou que o exame de sangue oculto já está disponível na rede pública.

“É um exame simples e barato, temos que começar a pedir mais. Esta campanha vem trazer muito isso para nós. Na UPA, o médico precisa entender isso. Ajuda diagnosticar os tumores menores e poder garantir um tratamento precoce”, explicou.