O médico oncologista André Crepaldi, diretor da clínica Oncolog, explica que este é um tipo de câncer de difícil diagnóstico devido à localização e por não apresentar sintomas na fase inicial
Da Assessoria
O câncer de pâncreas é responsável por cerca de 2% entre todos os tipos diagnosticados no Brasil e por 4% do total de mortes causadas pela doença. Os dados são do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e foram divulgados em abril deste ano. Definido como uma glândula de aproximadamente 15cm, o pâncreas auxilia na produção de enzimas que são responsáveis por auxiliar na digestão e na fabricação de hormônios como a insulina.
O médico oncologista André Crepaldi, diretor da clínica Oncolog, explica que este tipo é de difícil diagnóstico, devido à sua localização, e também por não apresentar sintomas na fase inicial. Ele se manifesta quando já está em estágio mais avançado, ou seja, quando já há comprometimento, o que provoca uma dor no abdômen que irradia para as costas. Em alguns casos, há ainda sintomas como náusea e vômito.
“Os tumores na cabeça do pâncreas podem obstruir a excreção do canal que vai do fígado até a liberação da bile no intestino, deixando a pessoa amarela, o que gera um quadro de icterícia semelhante à hepatite. Nesse estágio normalmente as pessoas procuram o médico e aí é feito o diagnóstico”, informou.
Para fazer a identificação, são utilizados exames de imagem como ultrassonografia, ressonância, tomografia, colangio-pancreatografia e PET-CT, que pode apontar também quais outras áreas possam estar comprometidas por conta do tumor. André Crepaldi alerta também para os fatores de risco de desenvolvimento da doença, como o tabagismo, que aumenta em até duas vezes a chance de desenvolvimento de câncer.
A obesidade, diabetes mellitus, casos recorrentes de inflamação do pâncreas e que desencadeiam em pancreatite e a exposição ocupacional a certos produtos utilizados na indústria de limpeza e metalurgia também merecem atenção. Este tipo de câncer é mais comum em pessoas com mais de 45 anos e, em geral, homens são mais propensos a desenvolverem. Há ainda síndromes familiares e genéticas que elevam o risco.
O tratamento, quando possível, é a cirurgia, com possibilidade de realização de tratamentos de quimioterapia antes ou após o procedimento e a radioterapia, dependendo do tipo do tumor, da avaliação clínica do paciente, exames laboratoriais e da localização e extensão da doença. A intervenção cirúrgica, único método capaz de oferecer chance curativa, somente é possível em uma minoria dos casos, uma vez que, na maioria das vezes, o diagnóstico é feito já em fase avançada.
Com relação às chances de cura ou sobrevida dos pacientes vai depender se o tumor está dentro do pâncreas ou tem disseminação, seja para os gânglios ou à distância quando apresenta metástase. “Além da quimioterapia, há outras medicações, que são alguns avanços dentro da oncologia, como imunoterapia e a terapia alvo , usadas para o tratamento específico de alguns tipos deste tumor”, finaliza o especialista.